<p> Evocando o sagrado, a Ilha é o templo da santificação, o lugar dos eleitos e do silêncio (na água do mar meu rosto não se afoga), refúgio onde o inconsciente se abriga para escapar do assédio instigante do consciente. A construção lírica dessa Ilha se faz em três momentos: primeiro, sua gênesis, onde o sopro do poeta/criador paira sobre as águas: Invento a Ilha azul no mapa de meu rosto. O segundo momento é quando se dá o confronto entre o ser e as forças místicas da terra e da água que compõem a Ilha: Golfos e rosas/ areia e água/ onde naufrago. E, finalmente, o momento do apaziguamento, quando, vencidas as forças antagônicas, Ilha e Náufrago se confundem num desejo mútuo de serem terra e água, sol e lua ou flora e fauna. Concluído assim o seu itinerário, pode o eu-poético afirmar: Os peixes no meu corpo permanecem/ e em escamas de peixe me converto.</p>
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